Todas as opiniões de P A Barnstorf
Review acerca de: FlixBus
Porto (TIC) - Lisboa (Oriente) / ida e volta expresso
Sou um tipo alto (ca. 2m) que sente mais a economia de espaço em camionetas e aviões. De facto, nunca prescindo de pagar extra para ter mais espaço extra em voos intercontinentais. Assim, não é de surpreender que, para viagens Porto-Lisboa, costume optar pelo comboio.
No entanto, desta vez tive a necessidade de ir a Lisboa com menos de uma semana de antecedência e, por isso, já não haviam bilhetes de comboio a preço reduzido. Decidi ir de camioneta e experimentar esta nova companhia.
O processo de encomenda e marcação é bastante simples e eficaz. Inclui ainda a opção de alguns extras com mais bagagem, escolha de lugar e, o que me interessou, viajar sem "vizinho" (sem ter outro passageiro no assento ao lado). Sendo os preços bastante acessíveis (quando comparados com comboio), optei por pagar para viajar sem vizinho e, assim, mitigar o que mais me chateia neste tipo de viagens. Por fim, ambas as viagens (ida e volta) anunciavam ter serviço de Wifi e tomadas (o que já é normal nos comboios). O preço da ida e volta ficou-me pelo que me custaria apenas a ida de comboio. Estava satisfeito.
IDA: o novo TIC do Porto funcionou muito bem, a camioneta chegou a horas e partiu em ponto. A camioneta estava limpa e em bom estado, os lugares são apertados (como costume), mas, como tinha pago o extra, não tinha vizinho. Consegui ler com a luz individual durante grande parte do caminho.Não fizemos qualquer paragem e chegámos a Lisboa (Oriente) mais cedo do que o previsto. No entanto, apesar de a camioneta ter as tomadas (apenas USB), estas não funcionavam e não havia Wifi. Não pude usar o telemóvel durante tanto tempo como costumo no comboio (com Wifi e tomadas).
VOLTA: a experiência de apanhar uma camioneta Flixbus no terminal da Gare do Oriente é, no mínimo, caótica. Ao contrário da experiência no TIC do Porto, não havia quadro indicativo dos próximos serviços e respectivos cais (este terminal é particularmente extenso). Por sorte, enganei-me na hora de partida e cheguei ao terminal 30 minutos antes da partida (em vez dos 15 que tencionava e que a Flixbus recomenda). Após algumas "caminhas" à procura de informações fidedignas, encontrei o quiosque/café/bilheteira (indicado pelos senhores da bilheteira CP) que clarificou que na parte de trás do bilhete estava referido o cais: 32D, 33D, 35D, 39D ou 40D. Ok, foi para essas plataformas. Não havia qualquer informação, caberia a cada passageiro verificar, camioneta a camioneta, qual era a sua. Sempre chegava uma, lá tínhamos que ir à sua frente ver que papel estava no seu pára-brisas. Bastante stressante.
A camioneta chegou alguns minutos antes da hora de partida e partiu já com alguns minutos de atraso. Pensei que o stress teria acabado e que agora, com o telefone na máxima carga, auscultadores c/ cancelamento de ruído e sem vizinhos, iria ter uma viagem pacífica a ouvir música e podcasts. Esta camioneta nem tomadas USB tinha nem as luzes indiviuais funcionavam - pensei, qualquer dia nem ar condicionado terá. Já bem dentro da viagem, noto que a camioneta saiu numa estação de serviço (ao contrário da ida) - pensei que fosse por gasóleo - ... não foi às bombas e parou perto de outra camioneta Flixbus - pensei que, pelos vistos, íamos parar (como era normal na Renex) - ... as portas do porão abrem-se e começam a entrar novos passageiros (provavelmente da outra camioneta) - pensei, se calhar esta companhia faz assim transbordos e consegue assim rentabilizar a sua operação, curioso - ... alguns dos novos passageiros perguntavam-me se o meu lugar vizinho (o tal que tinha pago para manter livre) estava ocupado, ao que eu, removendo um dos auscultadores, respondia que estava ocupado - pensei que estes passageiros não tinham optado marcar lugar e, por isso, andavam à "caça" lugares livres - ... às tantas, chega o condutor da camioneta que me gesticula para tirar a minha mochila do tal assento vizinho... nisto tiro os aucultadores e digo-lhe que o lugar está ocupado... o motorista diz que há pessoas sem lugares... ao que eu respondo que eu paguei por aquele lugar e perguntei-lhe se receberia o dinheiro de volta... o condutor responde secamente que "ok" e vai-se embora... nisto, uns poucos passageiros à minha volta indignam-se comigo, pedindo que eu ajude e que eu estava a dar mais valor à minha mochila do que a um ser humano, que aquelas pessoas precisavam de ajuda porque a camionete deles tinha avariado (primeira vez que soube do que se tratava)... eu disse-lhes que consideraria ceder aquele lugar se me tivessem pedido como deve ser... os mesmos passageiros responderam que não partia deles pedirem e que tinha que ser eu a oferecer (e qualquer coisa sobre a minha fé e amor e outras coisas)... veio depois o outro motorista que, como o seu colega, me disse para tirar as coisas... eu expliquei-lhe que eu tinha pago pelo lugar... ao que o senhor responde secamente com um "obrigado pela compreensão". Lá a camioneta seguiu a sua viagem, voltei a pôr os auscultadores e procurei apaziguar alguns remorsos que me possam ter incutido. Chegámos ao Porto com uns 10-15 minutos de atraso. Péssima experiência.
Dois pontos a ter um conta:
1 - quando uma camioneta da Flixbus avaria a meio de um serviço, o problema é da Flixbus para resolver.
2 - eu não sabia (nem tinha que saber) que aquela paragem se devia à outra camioneta estar avariada. Repare-se que: nem as luzes gerais da nossa camioneta foram acesas durante a paragem (o motorista manteve as luzes azuis muito fracas)... nem o motorista procurou informar ou chamar a atenção do que se passava (pelo menos a quem, como eu, estava tranquilo a ouvir música) e pedir o favor, aos que, como eu, tinham pago um lugar extra, que os assentos extras fossem disponibilizados (e, obviamente, que seríamos ressarcidos da taxa que pagámos por ele).